Num Mundo Ideal é Hora do Chá

“Por vezes, as pessoas dizem que os pobres merecem ser o que são: são pobres simplesmente porque são preguiçosos ou maldosos. Porém no século XIX, o escritor Victor Hugo, no seu livro mais famoso , Os Miseráveis, falava sobre Fantine, que, depois de ter sido despedida da fábrica onde trabalhava, recorreu à venda dos seus dentes da frente para sustentar a filha. Fantine não era preguiçosa ou malvada. Era vítima de uma economia cruel, que se preocupava mais com o lucro do que com os humanos.”

Niall Kishtainy em Uma Breve História da Economia.

Esta semana começo com esta citação que me marcou profundamente. Deixou-me a pensar no que realmente queremos para a sociedade, o que queremos para nós humanos. Se o lucro ou a felicidade?

Fiquei ainda mais baralhada quando vi nas notícias três homens dentro de um camião de lixo tóxico à procura de um mundo melhor. Mas o que se passa com este mundo? O que andamos nós a fazer? O dinheiro pode tudo, vale mais do que a vida humana? Desculpem se pareço desiludida, mas não é a desilusão que me faz partilhar com todos estas palavras. É a admiração pela capacidade que o ser humano tem de se destruir a si próprio e do que está à sua volta, só porque o poder e o dinheiro exercem uma admirável influência sobre o homem. Pergunto eu: De que lhe serve a inteligência se por vezes é tal mal utilizada. Estes devaneios devem ser efeito de um confinamento de quase 3 meses e que me faz por em perspetiva a nossa forma de estar no mundo. Pelos vistos, pensava eu, o mundo iria mudar para melhor com esta pandemia. Mas agora pergunto-me será que vai mesmo? Vamos esperar para ver…

Entretanto para aquecer a minha alma decidi que não há melhor conselheiro que uma chávena de chá quentinha para nos aquecer. E neste momento o mundo bem que precisa de uma chávena de chá para aquecer, para aguentar tanta pressão. Foi assim que me ocorreu a receita para hoje. Então aqui vai.

Tea Time

Ingredientes:

  • Porta pequena;
  • Lixa para madeira;
  • Berbequim;
  • Broca para madeira;
  • Ferragens;
  • Pincéis e rolo;
  • Tita de giz de cor à escolha;
  • Tabuleiro de pintura;
  • Cera de acabamento;
  • Massa para madeira;
  • Espátula;

Modo de preparação:

  • Para tomar o meu chá quentinho, lembrei-me que precisava de um tabuleiro. Foi então que surgiu a ideia de o fazer através de uma porta.
  • Em primeiro lugar analisamos o estado da porta, no meu caso precisava de tapar o buraco da fechadura e para isso usei massa própria para madeira que apliquei com uma espátula. Depois da massa secar, passamos à parte de lixar a porta por todo para retirar alguma sujidade. Note se utilizar a tinta que eu indiquei na receita não precisa de lixar, pode aplicar a tinta diretamente na madeira, que a tinta adere muito bem. Mas eu, mesmo assim prefiro lixar um pouco para ficar tudo mais uniforme.
  • Depois vamos pensar onde vamos colocar as ferragens para fazer os furos antes de iniciar a pintura. Eu utilizei os puxadores antigos, mas podem puxar pela vossa imaginação e aplicar algo a vosso gosto, desde que vos ajude a pegar.
  • A seguir fazemos os furos antes da próxima etapa que é a pintura. Pintamos sempre ao correr dos veios da madeira. Aplicamos a primeira de mão e deixamos secar. Por favor veja sempre na embalagem da tinta qual é o tempo de secagem recomendado. Se necessário, pode aplicar a segunda de mão.
  • Depois de a tinta ter secado passamos as acabamentos. Vamos aplicar cera com um pano que não largue pelo e deixar atuar durante 10 minutos. Após terem passado os 10 minutos, voltamos atrás no tempo, e vamos fazer como as nossas avós puxar o lustre para o nosso tabuleiro ficar brilhante.
  • Finalmente aplicamos as nossas ferragens e já está. De uma velha porta uma tabuleiro nasceu.

O nosso chá já pode ser servido de uma forma original e amiga do ambiente. Mas acima de tudo que nos aqueça a alma e nos transforme o coração.

Boas transformações.

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *