Onde está o Norte?

Onde está o Norte?

Andamos distantes do nosso blogue e das nossas receitas de upcycling. Não porque não nos apeteça partilhar com todos as ideias que nos vão surgindo. Mas, porque felizmente o upcycling tem viajado do Norte a Sul do país, não nos deixando tempo livre para o que mais gostamos de fazer. Pensar, escrever, criar… Mas pensando bem também é urgente e necessário chegar a muitas pessoas, e quantas mais palestras e oficinas se realizarem melhor. Assim a todos os que iam seguindo o blogue o nosso pedido de desculpas.

Entretanto entre oficinas, palestras e cursos decidimos voltar. Faz-nos falta escrever o que sentimos e partilhar com todos. Por isso a bússola indicou-nos de novo o caminho. E aqui estamos nós. Para mais reflexões, ideias e tentar partilhar uma estranha forma de vida. Que primeiro estranha-se e depois entranha-se.

Neste primeiro artigo de regresso gostava de partilhar alguns sentimentos que tenho sentido ultimamente. Digamos que é um regresso onde vou expor o que vai dentro da alma. Já não sei viver sem o upcycling, foi a forma que encontrei de estar na vida. Mas ultimamente sinto que falta alguma coisa, que preciso de fazer mais pelo bem de todos. Este sentimento veio ao de cima na última palestra que dei. Onde o desafio era procurar antigas profissões que se perderam. Foi este o desafio que me fez pensar. Todos temos de trabalhar para sobreviver. Todos precisamos de dinheiro para ter alguma coisa. E o tempo em que estamos a trabalhar, faz-nos perder e ganhar. Ganhar o pão de cada dia, mas faz-nos perder o crescimento dos nossos filhos, a velhice dos nossos avós e pais…

O dinheiro fez-nos prisioneiros. O tempo em que estamos a trabalhar não pode voltar atrás. Já pensaram que quanto mais temos, mais queremos. Que sentido faz tudo isto? Uma criança quer o pai ou a mãe por perto, por outro lado também quer comida na mesa e um tecto para se abrigar. Como podemos viver assim, sem existir um equilíbrio.

O preço que pagamos é cada vez mais alto. Mas é a sociedade que temos e que tem sido construída ao longo da História funciona assim. O poder económico manda em todos nós.

Sinceramente não consigo encontrar uma solução. A que me ocorre seria um problema para a forma como o mundo está estruturada. Mas já pensaram numa economia de partilha e de afectos. Onde a moeda seria partilhar. Poderíamos voltar às trocas directas. Sei que é uma utopia, mas hoje neste regresso preciso de acreditar que algo de diferente vai acontecer, que a vida, o amor, a amizade e a partilha valem mais do que uma moeda, seja ela qual for.

A receita desta semana é procurarem dentro de cada um a gentileza no acto de partilhar de forma genuína e sem interesse nenhum. Pura e simplesmente dar sem pensar em receber nada em troca.

Boas Partilhas e até para a semana.

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