1. Lição – O que o upcycling me ensinou: os filhos são a verdadeira riqueza que temos mas não possuímos

Sempre quis ser mãe. Mas tenho de vos confessar que não estava preparada para a maternidade. Aquele sonho que todos dizem que é lindo, um sonho cor de rosa, azul ou às cores. Desde que a minha pequena Beatriz nasceu em 2013, ela avisou-se: cheguei para virar a tua vida de pernas para o ar, mas para te ensinar o que é o verdadeiro amor, o amor incondicional. Aquele que ninguém mais te pode dar, a não ser a minha avô, portanto a tua mãe. – E assim foi nasceu uma menina, que parecia que a cegonha tinha trazido da China, muito moreninha, com olhos rasgados, cabelos muito escuros e cheia de fome. Perfeita. Não era preciso fazer nada, só alimentar e satisfazer as necessidades de um recém-nascido. E foi o que fiz. Posso dizer-vos que a fome era tanta que tendo nascido à 1H:15 da madrugada esteve a comer até o dia nascer. Lembro-me perfeitamente de ver o sol nascer e pensar: a minha vida mudou, estou cheia de sono, cansada mas muito feliz.

Quando nasce uma criança, com ela nasce uma mãe e um pai, que embarcam numa viagem onde não há mapa, GPS nem manual se instruções. Há uma coisa, aliás até de mais que são muitas opiniões. Todos tem algo a dizer sobre o que está a acontecer, e ninguém tem o bom senso de perceber que quando somos pais de primeira viagem estamos assustados com qualquer coisa ou por qualquer coisa.

É uma viagem única, que se pode repetir ou não, mas para quem tem filhos únicos é uma viagem da vida e para a vida. O chegar a casa, o primeiro banho, as primeiras sopas, o gatinhar, o sorriso, o palrar, o chorar, o comer de duas em duas horas, a primeira palavra. Tudo é único e só acontece aquele vez, e eles vão crescendo e nós vamos observando, como o tempo passa e eles se tornam crescidos e com opiniões.

O upcycling é um elo de ligação muito forte entre mim e a minha filha. Passamos tardes a tentar criar algo, que às vezes não resulta, que acaba em amuo – e tu fazes upcycling com os outros, e comigo não-.

É aqui que eu paro e penso a Beatriz tem razão, ela não tem culpa de o meu trabalho ser manual. Assim se eu sou paciente com as pessoas que trabalho, para ele tenho de ser muito mais. Porquê?

A infância dela não se volta a repetir, logo tem de ser memorável para ela e para mim. Se o upcycling, que para mim é uma missão de vida para ela pode ser também criar momentos de memórias com a mãe.

Assim o upcycling ensinou-me que tenho de dar à minha filha o que tenho de melhor em mim. Não tenho de lhe dar consolas e essas coisas afins. O que ela quer é simplesmente o meu tempo partilhado com ela, a fazer o que eu mais gosto com ela.

Os outros pais estão em vantagem pois podem relaxar do trabalho, enquanto eu continuo com a cola, a fita-cola, a pistola de cola quente na mão e tudo o que for necessário para partilhar fragmentos do tempo, com um amor incondicional que gosta de mim quer eu esteja gorda ou magra, de pijama ou toda produzida, penteada ou despenteada ou chateada ou bem humorada. É nestes fragmentos das oficinas de upcycling com a minha filha que percebo como ela cresceu e que um dia, quando eu menos esperar vai partir e voar. Espero que estes tempos em que passamos a fazer robots como no passado Domingo de manhã me faça sentir up e dizer que o upcycling tem uma capacidade muito mais abrangente do que só eliminar resíduos. Ele faz-nos sentir amor e dar o melhor de nós ,não só, a quem amamos mas a todos os que precisam.

Vale a pena pensar nisto.

Passem tardes ou manhãs com os vossos filhos a criar mais forte ainda a união que vos liga.

Olha o Robot é pró menino e prá menina Oh, Oh….

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